quinta-feira, 1 de maio de 2008

DA CATÁSTROFE E DO MUNDO ACTUAL

"Algumas perguntas são, agora, inevitáveis. A civilização alternativa precisa, pois, da catástrofe? Está, como às vezes se suspeita, secretamente de acordo com as catástrofes? Tem de estar dependente da calamidade, porque só esta cria um ambiente, no qual as ideias alternativas podem encontrar grande aceitação? É indispensável a catástrofe para que se inicie uma outra evolução, tal como pode ser indispensável uma mestra que acaba por convencer mesmo os ânimos mais renitentes da bondade das suas lições? Os homens precisam, finalmente, da catástrofe, porque têm de ser educados e só podem ser educados desde que passem pela escola do pior? Não estão, por consequência, as esperanças reais dos movimentos alternativos ligadas a cálculos de ensino pela catástrofe — tanto quanto é verdade que somente o ensino prático do que é mau pode iniciar uma viragem para o que é melhor?"

Slöterdijk, P. (2002 [1989]). A Mobilização Infinita. Para uma crítica da cinética política. Lisboa: Relógio d'Água, p.73, (Orig.: Eurotaoismus - Zur Kritik der Politischen Kinetik, Surkamp Verlag Frankfurt am Main, 1989)

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