sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sucessos e Insucessos

Ao contrário de outros, que percebem um pouco de tudo, eu não percebo quase nada de muitas coisas. Uma das matérias que domino mesmo muito mal é a Psicologia. Limitei-me a ter uma cadeira semestral de Psicologia Social, o que é manifestamente pouco para poder dar bitaites sobre esses temas. Recordo, no entanto, um aspecto relevante sobre a forma como os seres humanos lidam, individual ou colectivamente, com o sucesso ou com o insucesso.
Quando os seres humanos obtêm resultados francamente positivos, tendem a atribuir esses resultados a factores internos: o sucesso deve-se a mim, às minhas qualidades, às minhas capacidades. Sou mesmo bom!
Quando os seres humanos obtêm resultados francamente negativos, tendem a atribuir esses resultados a factores externos: o insucesso deve-se a este ou àquele, tive má sorte, os outros meteram uma cunha... Tenho mesmo azar!
Inversamente, quando vemos outros seres humanos ter sucesso, temos tendência a atribuir esse sucesso a factores exógenos à pessoa em causa e nunca às suas qualidades ou capacidades pessoais: teve sorte, vendeu-se a alguém, abriu as pernas...
E também, quando vemos outros seres humanos em situação de insucesso, temos tendência aí sim a atribuir o fracasso a factores endógenos: são incompetentes, uns fracassados...
A avaliação do sucesso e do insucesso que fazemos de todos nós é muito natural: explicamos o nosso sucesso pelas nossas qualidades intrínsecas e o nosso insucesso por coisas que não têm nada a ver connosco (factores externos a nós); explicamos o sucesso dos outros por factores externos a eles e o insucesso dos outros por factores exclusivos a eles próprios.
Tratam-se apenas de meros mecanismos de defesa: mecanismos velhos como o mundo porque a necessidade de justificar consciências pesadas é uma das mais antigas da Humanidade.
Quem não conheça a espécia humana que a compre!

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