Hoje, dia 3 de Maio, vamos pela porta da Filosofia: toda a gente sabe que Sócrates foi o "Arrebenta" de Platão: uma bancada para semear mal-estar e empolgamento pelo resto da História. Por outro lado, não há coisa que me irrite tanto como a história da Maddie. É verdade que vendemos milhares de "statcounters" à pala dessa... coisa, uma das melhores epígrafes do nosso tempo, só comparável ao broche da Lewinsky, às Armas de Destruição Maciça, ao "duplo" Bin Laden e aos dotes de escritor de Miguel Sousa Tavares.
Papel, papel, papel, ou "parole", "parole", "parole", como dizia a outra, no tempo da minha mãezinha, mas, agora, na versão "Terabytes".
Era preciso voltar ao "Tratado do Nada", de Górgias, para compreender como é que uma coisa, mesmo não existindo, pode consumir tanto bio-diesel.
Górgias, do qual não ficou nada, excepto uns boatos viperinos do Sextus Empiricus, e umas calúnias -- como as da "Marquesa", quando resolveu começar a comentar os bens patrimoniais da bicharada, depositados no "Millennium-BCP"... --, devidas a Platão, dizia que 1) Nada existia, e isso era uma grande verdade; 2) Que, mesmo existindo, havia de estar numa forma tal que ninguém o haveria de compreender; 3) Finalmente, nas benevolências, que mesmo que fosse compreensível, não seria passível de transmissão, ou seja, eu dizia-te "foi assim", e tu viravas as costas, dizendo, "lá vem aquele gajo com as maluqueiras dele!...".
É grandioso quando o Espírito se ergue a estas alturas, desprezando todo o Sensível e o Visível, e refugiando-se no "Cogito, ergo nihil est" ( a frase é minha ), ou seja, parecendo que não, já estamos claramente a falar de... Maddie.
Na versão costureira, ou programas da manhã da TVI, ou Cláudio Ramos, como queiram, o princípio químico é o mesmo, só a embalagem é que muda, a Maddie era uma menina muito loirinha, como há pazadas disso em Inglaterra, e que só têm graça até certa idade, porque, a partir de aí, começam a anorectizar, a perder as reacções, e acabam, lá mesmo no limiar da Eternidade, por se converter naquelas manadas de corcovados, cheios de estrias e rugas, que atravessam, em rebanho, as passadeiras de Belém, para irem ver se os Jerónimos existem mesmo, e não existem, que aquilo, tirando a parte da Igreja Velha, é uma grande aldrabice, fabricada no séc. XIX, e depois sucumbem na forma de anãs brancas, o célebre terceiro sexo do turista ânglico, que já não é carne nem peixe, mas um osso de choco, em forma de cor branca do mesmo assim,
horrível,
sobretudo para nós, habituados a Mariluces e a gajas ordinárias, de bigode, penduradas à janela, que depois soçobram em intriguistas, das que espreitam atrás das cortinas, e inventam coisas feias sobre as nossas vidas.
Segundo Górgias, a Maddie nunca existiu, e, se existiu, era uma coisa já numa forma tal que nunca a haveríamos de compreender, e que, assim sendo, nem sequer valia a pena terem referido o assunto, porque ninguém chegaria a entender do que se estava a falar, e eu só agarrei naquilo, porque, e isto é pragmatismo puro, não só vendia, como se tinha tornado no exemplo acabado de como uma ficção se pode tornar tão pegajosa que contamina qualquer hipótese de realidade, e nem nisso Vítor Constâncio ou a Mulher-Homem, de Vilar de Maçada, inovaram: era velho, e já do tempo dos Sofistas, 2500 anos, mal contados.
Da Maddie só ficaram alguns vestígios: uma factura de bués garrafas de vinho, umas manchas de sangue, que tanto podiam ser dela como de uma cadelita com o período, e aquele horroroso ADN, a cheirar a cadáver, que ia da bagageira, aos pneus, às "jantes", às calças da Kate, às chaves do carro e ao ursinho de peluche.
Graças a deus que a Parapsicologia existe, e imediatamente se disse que os cães tinham sido comprados para farejar aquilo, que sendo a Maddie descendente directa de Adão e Eva, era natural que tivesse um ADN igual ao meu, ao seu, leitor, e ao de qualquer mortal, transportado no porta-bagagens de um carro, alugado muito depois da Noite Fatal, e que o odor de cadáver se devia à Kate tomar raramente banho.
Parece que as pessoas lá do Norte são treinadas para conter as emoções. Calha bem, porque eu também fui, e sou fruto de um sistema formatado, no qual só muuuuuuuuuuuito, mas muuuuuuuuuuuito, tempo depois se fica a saber o que eu realmente pensava sobre o tema A, B, ou C, mas isso são defeitos de formação, um recado indirecto para alguns dos nossos leitores inoportunos, o berço os dá, a tumba os leva.
Ficou, para o imaginário popular, substituir a expressão obsoleta "Chorar como uma Madalena", por "Chorar como uma Kate", o que, no lado sintagmático, se entrecruzava com a expressão "Lágrimas de crocodilo".
A mulher frígida, geralmente considerada como o par retórico do homem impotente, é uma das duas hipóstases do célebre "Bater-pratos", a que se resumem certos casamentos.
Nunca saberemos se, como na "Nona Porta" de Polanski, o ALLgarve teria sido escolhido para um ritual satânico de execução de um cordeiro, neste caso, cordeira de deus, com um sinal marcado bem na íris, como já vinha previsto no Livro II de Samuel.
Essas coisas são muito giras, quando se está bué enfrascado em álcool, ou entregue aos prazeres dos cogumelos alucinogénicos, mas, depois, na hora da verdade, quando a criança é mesmo levada do berço para a consumação do ritual, é normal que se ouça uma mãe aos berros "ELES levaram-na!...", como se isso não fizesse parte do guião e das alíneas minúsculas do contrato, que ela tinha lido, mas não sabia que eram mesmo para cumprir ali.
Tudo isto é ininteligível, e, para Górgias, nem que o fosse, nos seria dado compreender, enquanto comunicado, excepto, claro está, para a "SkyNews", onde qualquer coisa, como na SIC-Monhé e no "Expresso da Meia-Noite" serve para encher chouriços. E ainda permitiu que se arraçasse com aqueles híbridos, que representam o vazio do nosso tempo, por ordem de importância decrescente, o Beckham, o Cristiano Ronaldo e Benedito XVI, Ratzinger, por exemplo.
A novidade, e é por isso que eu estou a escrever hoje aqui, é que NÓS sabemos onde está a Maddie, podemos dizer que está bem, que foi retirada das garras do Ensino Público Inglês, tão mau como o Português, que não está nas mãos de nenhum pedófilo lusitano, porque esses só gostam de rapazinhos, e que está nas mãos de uma instituição religiosa decente, que já lhe ensinou o primeiro Português, em vez daquelas parvoíces com que querem ensinar o Inglês às crianças, "My taylor is rich..." e "My mother is a bitch...", pelo que Maddie, uma sobredotada, já sabe dizer, quando lhe perguntamos, " e, então, a mamã, para além de médica, era o quê?...", e ela faz uma pausa e diz, "... era uma grande puta...".
Maddie já sabe que, no fundo, teve muita sorte, assiste, sentada, ao nosso colo, que sempre é melhor assim do que se chamar Esmeralda, e andar a zanzar entre a impotência do pai biológico e a seringa da inseminação afectiva, para acabar entregue a um bando de "swingers", pai A, na segunda, mãe B, na terça, "thursday" fica a "Baby-sitter" a dar-lhe de mamar, e que os pais até eram poupadinhos, nem mais um tostão para o "Ocean Club", ela que chore até se cansar, estamos de férias, se não se calar a bem, apanha um lambadão que bate com a cabeça no corrimão, e tem um traumatismo craniano, com umas postas de sangue pelo chão, não há nada que um bom detergente não lave, excepto uma má-consciência.
Quando lhe mostramos um catálogo de fotos, para ela identificar o homem que transportou o seu corpinho, já cadáver, ela vai sempre dizendo "no", ao Murat, "no", ao Paulo Pedroso, "no", ao Ferro Rodrigues, "no", ao Carrilho, "no", ao Adriano Moreira, "no", ao Chalana, e só disse "YES!...", quando viu a foto da Amélia das Marmitas, já no Segundo Período Intermédio do "Olympia".
A verdade é que a miúda é como a Irmã Lúcia, uma cabecita influenciável e com muita imaginação, mas para o lado que lhe convém. Amanhã, com um "Donuts" na mão, consigo pô-la a afirmar o contrário, enquanto bebo um "Jamaica Blue Mountain", para acordar.
Graças a deus que tudo isto é ficção, e que a Maddie não acabará, como a pequena Joana, comida pelos porcos: teve sorte because the pigs were jantando, tapa aqui, tapa ali, tapa acoli, a outra, a meio dos copos, sentiu necessidade de ir mudar de roupa, e agora entraram na fase de comprar as pessoas todas, conseguiram arrancar um embaixador do seu posto de trabalho, demissões nas polícias, ameaços diplomáticos, roubo dos portáteis com emails -- és muito estúpido, Gerry, essa merda toda, mesmo roubada dos portáteis, está nos servidores, mas se isso te dá tesão, avante, consta que não o conseguias pôr de pé, por mim, sou adepto de todas as terapias, até as do "Viagra", com odor de cadáver!... -- a verdade é que isso dá muito dinheiro, mas os rumores são de que brevemente passarão de arguidos a acusados de rapto e homicídio, por negligência. E pela voz da Polícia Portuguesa, com certeza, ao contrário do que ditava o véu do vosso Terceiro Mundo mental, quando reflectido sobre nós.
Depois de terem batido a todas as portas, até ao advogado que queria provar que Pinochet não agarrava nos gajos, os metia num avião, e os soltava em alto mar -- esse Pinochet também era um amor... -- suponho que, quando soar a hora da verdade, irão meter ao barulho o que falta, o Dalai Lama e a "Queen", a ameaçar abdicar, se se avançar com a acusação...
E voltamos a Górgias: Ou a Maddie nunca existiu, na forma em que nos queriam vendê-la, ou era uma outra coisa que estava ali escondida na forma dela, ou, quando tentaram enganar-nos, não percebemos nada do que realmente se estava a passar.
É difícil acabar um texto destes, mas tenho mesmo de o acabar. A Maddie-Ficção é peditório para o qual já dei muito, sendo tema que -- espantem-se -- me era profundamente desinteressante. A Maddie real, e eu ainda acredito numas poucas coisas não conspurcadas da Realidade, deve estar a esta hora muito fria, coitadinha, fria, mas mesmo fria, sabem o que é que isso quer dizer?... fria, da temperatura das águas escuras das horas soturnas destas minhas linhas. Fria, coitadinha, pudesse eu, pelo poder da Palavra, devolvê-la à Vida, sim, à Vida, mas nunca aos pais...
2 comentários:
Três crianças de nacionalidade inglesa, de 6, 2 e um ano, foram acolhidas esta madrugada no Refúgio Aboim Ascensão, em Faro, depois de os pais terem caído inanimados por excesso de álcool, numa unidade hoteleira, em Vilamoura.
http://diario.iol.pt/sociedade/criancas-faro-algarve-perigo-menores-refugio/947661-4071.html
aposto que a culpa é toda dos trabalhadores do hotel, puta que pariu estes ingleses de merda
Ora bem. Venho só para dizer que consegui ler o seu "post" quase todo. Só não li tudo porque o vizinho de cima começou com os ruídos da madrugada - portas, mijo e coisas assim - pelo que resolvi ir dormir. Mas queria deixar uma suspeita a juntar a tantas outras e ainda sobre o "post": vocemecê não é um tal Graça que publicou uns livros sobre putas, orgasmos e outros mimos? Seja ou não, gostei de ler - enquanto pude.MP
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