Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Querida Lola:
Costumo ler as sobras do Semanário "Sol", quando ando às sobras dos caixotes do LIDL. Estou tão aterrorizada: uma mocinha, de 19 anos, que tinha um morcego escondido nas maminhas, e não percebeu logo. Às vezes, também acordo, durante a noite, e sinto uma coisa a roçar-me nas nalgas... mas, quando lhe jogo a mão, já lá não está... Acha que também tenho um morcego na cama?
(Maria Leopoldina do Bom Jesus, Brigada de Limpezas do LIDL, Xabregas)
Querida Leopoldina:
Gostava tanto de receber emails simples, tipo o que acontece nas Reuniões da Liga, o que liga o Freitas à sujidade do Futebol, o que leva o Tição do Martim Moniz a estar sempre a rir, mesmo quando Lisboa arde, e vem-me agora uma preta da limpeza perguntar se tem um morcego enfiado no cu... Querida, dá-me vontade de ser eu a fazer-lhe a pergunta: a Maria Leopoldina acha que, durante a noite, tem mesmo um morcego a rondar-lhe o cu?... Vá, seja sincera, abra-se que estamos entre fêmeas, segredos de mulher para mulher, ninguém nos ouve... Olhe, querida, todo o nosso corpo é uma geografia: longe vão os tempos do Maior Português de Sempre, em que uma mulher era uma boca da servidão, com duas pernas e um bigode debaixo do nariz. Hoje em dia, o pessoal moderno, da discoteca, os pais-barriga-de-aluguer, os "swingers" ingleses do ALLgarve, sei lá, os árbritros comprados, os judokas de alta competição, os pequenos cristianos ronaldos que cada português frustrado arrasta no seu libidinoso limbo, todos eles atentam muito mais ao corpo como um todo: já não se excitam só com o buraco, gostam de uns silicones bem calibrados, de uns botoxes injectados nas estrias "pele-de-laranja", meu deus, ainda agora me contaram uma anedota horrível sobre a Maria Elisa, que tem sempre a agenda sobrecarregadíssima -- o que aquela mulher não faz os outros fazer para ter sempre a carteira cheia -- e vai daí, resolveu dar uma de botox nas estrias, enquanto dialogava com um dos amigos poderosos dela, e ao mesmo tempo tinha um ataque de fibromialgia... dizem que ficou como aquelas desgraçadas de Pompeia, no tempo do Vesúvio, as duas pernas muito abertas, e a boca em forma de O, parecia uma boneca insuflável da Campânia, no tempo de Nero... o que vale é que isto são só anedotas de traveca, coisas de quem não tem mais nada que fazer, entre as 5 e as 6 da matina, hora morta. Agora, querida, sou como a Margarida Rebelo Pinto: não há morcegos. Eu por exemplo, estava uma vez agachada naquele vão devoluto do nº 65, senti uma coisa a picar-me as tetas, era uma nota de 500 €, do cliente anterior... Sabe, filha, até nisso somos atrasados: a menina entra em qualquer estabelecimento, e está logo à porta "não aceitamos notas de 500 €"... eu, cá, sou mais moderna, só aceito notas de 500, mas cada qual nasce como nasce. Deixe-me que lhe diga que conheço os buracos do meu corpo como ninguém, querida, para mim, cada buraco é um posto de trabalho, e com esta mania da deslocalização, cada um deles serve para tudo, e não me venham cá com histórias de que este meu rabinho é a extremidade do aparelho digestivo. Você já viu alguém a tomar digestivos pelo rabinho???... Coisas indigestas, também apanhei algumas, mas depois risquei-lhes o carro todo, porcos!..., e são cada vez mais, e graças a deus que não tenho vagina, senão iam dizer-me que aquilo era a extremidade do aparelho urinário, como se Deus tivesse criado a Mulher para as Chuvas Douradas... É por isso que eu não sou religiosa, porque se fosse crente, ia fazer como as outras, e ter boca só para papar hóstias, eu era incapaz, já lá meti de tudo, mas hóstias, acho que nunca, nem com aquele sacristão do Chiado, que é muito dado a porcarias com simbologia. Adiante, querida, se sente um morcego nas suas traseiras, é sinal de que as usa pouco, e até já lá fizeram o ninho dentro, esses horrorosos mamíferos, feios como o "Intelligent Design". Experimente sair mais, e encontrar-se com cabo-verdianos em noite de Lua Cheia: vai ver que a folga com que fica aí dentro... não sobra nem espaço para um dedo, quanto mais para um morcego...
1 comentário:
Ui! Mais morcegos aqui em baixo, e logo pela D. Lola! Querem ver um gótico ficar excitado é puxar pela morcegada (e isto de excitar um gótico é obra!). Mas ainda dá mais tusa que a D. Lola aos heterossexuais passivos deste país, não desfazendo na D. Lola.
Enviar um comentário