Toda a gente se recorda que, em 1983, quando Ronald Reagan chamou à União Soviética "o império do mal", isso foi recebido na Europa, e sobretudo em França, com a habitual salva de risotas condescendentes e reprovadoras. No entanto, não parece que a evolução das investigações históricas posteriores sobre o comunismo russo permitam que se lhe chame o "império do bem". Naquele momento, muitos foram os povos oprimidos pelo comunismo que se sentiram aliviados por constatar que um chefe de Estado ocidental dava finalmente provas de um pouco de compreensão para com as tristes condições em que viviam. Sobretudo no que respeita aos antigos satélites da Europa Central, foi a política de Reagan, entre 1980 e 1990, que precipitou a desagregação do sistema que imperava em Moscovo há cerca de 3/4 de século e a quem a política de détente dos seus antecessores não tinha feito mais do que prolongar a agonia.
Os pacifistas e os advogados do neutralismo do tempo da Guerra Fria pregavam que as democracias não tinham o direito de censurar os regimes totalitários antes de terem eliminado todas as injustiças que perduravam no seu seio e na sua esfera de influência. Em ambos os casos, esta forma indirecta de de justificar a falta de acção decorre da mesma ideia fixa: o antiamericanismo. Basta recordar as gigantescas manifestações contra a instalação na Europa Ocidental dos mísseis de cruzeiro, que em 1979 submergiram a Alemanha, a Itália, a Grécia, a França e a Espanha, mesmo quando esse dispositivo era indispensável para contrabalançar os SS20 que a União Soviética acabava de instalar na Europa de Leste.
Quando, em 1987, diante do Muro de Berlim, Ronald Reagan gritou: "Senhor Gorbachev, de que está à espera para mandar derrubar este muro?", perpassou um misto de pavor e de desprezo pelas chancelarias europeias, sobretudo na Alemanha Ocidental, com exclusão de Helmut Kohl. Decididamente, este pobre Reagan continuava a ser um perigo público. Sabia-se que não passava de um idiota - tal como Kohl - e cada dia se mostrava mais irresponsável. Dois anos mais tarde, o Muro de Berlim desfazia-se sob os golpes dos povos oprimidos pelos Soviéticos, enquanto alguns líderes tão inteligentes da Europa Ocidental andavam numa roda-viva para assegurar a continuidade da Alemanha de Leste,a fim de evitar a reunificação alemã. Em 2002, a célebre frase do perigosamente imbecil Reagan está patente aos visitantes à entrada de uma exposição sobre a história de Berlim, na própria capital da Alemanha...
Retirado do capítulo VII de "A Obsessão Antiamericana" de Jean-François Revel
2 comentários:
tanta confusão nessa cabecinha!!!!!
Confusa anda a menina!
Não sei se reparou mas o texto não é meu. Desta vez citei o autor e a obra.
Por isso, congratulo-me por ser a E-Ko quem diz que um Presidente da Academia Francesa, Jean-François Revel, tem "tanta confusão nessa cabecinha!!!!!".
Impostores intelectuais há muitos!
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