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Como já várias vezes disse, ando numa fase de fazer pouquíssimo humor. O humor faz-se quando não nos arriscamos a ir ao fundo com ele, e estamos, precisamente, nessa fase de barco e ratos irem parar, em bloco, à cova lodosa desta plataforma continental da Cauda da Europa.
Algures, aí para baixo, o quink644 diz que Sócrates e Ferreira Leite seria o pior cenário possível. É possível, mas nunca pratiquei bruxaria para tentar analisar, a fundo, todos os outros, portanto, vamos ficar com essa tirada do quink, e imaginar que anda no ar o fedor do Centrão.
Todavia, há uma centelha positiva, e vamos a ela: pela primeira vez, na História do Portugal Recente, existe uma mulher que assume a chefia de um partido proeminente, e de aqui, da bancada da mais profunda oposição, lhe dou, a ela, e ao P.S.D., os sinceros parabéns. A seu modo há, nesta eleição, uma pedrada no charco, só que o charco ainda é o Pântano do Guterres, mas depois de mais meia década de apodrecimento. Qualquer dia, só aqui sobreviverão aqueles vermes das profundezas, sem olhos, olfacto ou paladar, e que funcionam por apalpão, salvo seja.
O segundo ponto positivo é que quem convida para jantar deve pagar o jantar, e Ferreira Leite, mediana, canhota, somítica e sem qualquer aspiração a altos voos, foi a inventora do desastre recente português, melhor, não do desastre, mas do seu tornar público. É a Madona do "Deficit", a Nossa Senhora do País de Tanga, e a Poupadinha do Colchão: tivesse umas botas, um chapéu, e uma coisinha murcha pendurada entre as pernas, e seria a Maior Portuguesa de Sempre, a Vacona de Santa Comba Dona.
Para o Cavaco, que, quando ainda não estava senil, lhe deu o justo chuto no cu, que merece qualquer incompetência financeira -- e, logo a seguir, a Pasta da Educação, a única que... não, uma das duas únicas, a par com a da Cultura, que pode ser ocupada por qualquer um -- esse mesmo Cavaco, que já não aguenta as águas entre os dois extremos do Palácio de Belém, e teve de mandar construir um mijadouro a meio, não fosse pingar-se todo pelas calças de manequim dos anos 50 da Rua dos Fanqueiros abaixo, esse mesmo Cavaco apadrinhou-a, de novo. Há uma fase na nossa vida, em que desaparecidas todas as grandes figuras do regimento, os bêbedos, aos pares, amparam-se, pelas esquinas, a contar velhas histórias, de peixes de 50 quilos, e de gajas que davam umas baldas, e coisas afins.
A esta hora, entre dois copitos de moscatel, o Aníbal da Bomba e a Bruxa do P.S.D., que parece uma daquelas múmias incas, empalhadas, mas com um chuto nas nalgas, para endireitar as espondiloses e fingir que está de pé, devem estar a rememorar o glorioso passado em que fizeram ir pelo cano abaixo os Fundos Estruturais, os dinheiros das Privatizações, e os Orçamentos Assim-Assim, em que a gaja se enganava toda nas vírgulas e nos zeros, e nós mergulhámos nos maiores "deficits-ever", da Cauda da Europa. Felizmente que a memória é curta, em Portugal, excepto para os golos do Quaresma.
Dizia-me o Paulo Pedroso que, para o bem e para o mal, mais de esquerda, ou mais de direita, todos os governos desta terra estéril tinham sido keynesianistas, ao que lhe obstei que até era verdade, só com a pequena ressalva de que o keynesianismo clássico pressupunha um saudável desequilíbrio deficitário, como função de motor de desenvolvimento. O Keynesianismo Português, como não podia deixar de ser, acabou em carros de brutas cilindradas, em salários chorudos para administradores incompetentes e respectivos gabinetes de amantes de todos os sexos, ou em puro desfalque do Erário Público, mas, pronto, contas feitas, também fomos keynesianistas, assim como também fomos à Lua, através daquela bandeira americana que lá ficou, feita pelas hábeis mãos analfabetas das bordadeiras lusitanas, que cantavam as janeiras, enquanto desenhavam as estrelas da Federação.
No meio disto tudo, só me apetece dizer palavrões. Há uma cor, que creio ser a pior de todas, que a é a cor do burro quando foge. Chegámos, em política, ao cromatismo do Burro quando foge, ou seja, nunca se viu, que me lembre, cenário tão pardo.
Quanto ao Zé Povinho, coitado, já tinha uma Oposição à sua Felicidade, chamada José Sócrates. Com a eleição de Ferreira Leite, passou a ter duas oposições, em simultâneo. Somos um povo de sorte, e até nisso somos diferentes, vá, meninos, toca de ir a Fátima acender uma velinha, que vos saiu, ao mesmo tempo, a Sorte Grande e a Aproximação...
(Quadrado editado no "Arrebenta-Sol", no "Democracia em Portugal", no "KLANDESTINO", e no "The Braganza Mothers" )
5 comentários:
Ó Arrebenta, não me fodas,....achas que é positivo uma mulher ser chefe dum partido como o PSD....achas isso positivo em quê?? MFL é uma reaccionária, facha tão má ou pior que Sócas....estamos entalados na merda e tu achas isso positivo > tás maluco ou quê ???
Caro "Mugabe", sou totalmente insensível a "estímulos positivos ou negativos".
Caso queira traçar um perfil ortónimo, heterónimo, ou pseudónimo, como toda a gente que frequenta a Blogosfera, envie-nos um email, e é possível que se pondere a sua participação neste espaço, já que parece cultivar uma permanente passagem por aqui.
Se a sua função é criar mais lixo, já temos quanto chegue.
Experimente amigar-se com alguma ex-rémora da Opus Dei. Dizem que é bom.
LOL LOL LOL
Este Arrebenta, quando acorda com os fígados pisados, não há quem o aguente. Mais um texto capaz de nos por a rir com vontade de chorar.
PS: Pessoalmente não considero a MFL a responsável pelos deficits que ainda hoje estamos a pagar. A grande responsabilidade cabe ao sr. que levou um tratamento 5 estrelas, à moda do socialismo nortenho, na lota de Matosinhos. Paz à sua alma!
Pessoalmente acho muito positivo uma mulher ser chefe de um partido em Portugal.
As igualdades definidas na lei não são acompanhadas pela sociedade. Demoram, aliás, a impor-se, porque as leis não alteram as mentalidades nem a cultura de um povo.
Portugal é, apesar de tudo, uma sociedade ainda marcada pela ascendência do poder masculino. Isso reflecte-se em muitos aspectos, quer sejam estruturais, quer sejam quotidianos, da nossa sociedade.
É evidente, por exemplo, que existem discriminações sociais, profissionais e económicas baseadas no género.
O facto de um partido político ser dirigido por uma mulher tem o aspecto positivo de contribuir para a destruição de estereótipos e de preconceitos.
Lamentavelmente ainda há, em Portugal, pessoas com uma mentalidade demasiado retrógrada.
Já agora, sobre a questão do keynesianismo governativo, talvez não fosse má ideia começarmos a atrair a imigração de alguns países nórdicos.
Depois, quando esses imigrantes adquirirem cidadania portuguesa, podemos votar neles e pô-los a governar este nosso rectângulo.
Pelo menos saberíamos que o nosso dinheiro seria bem gasto e não seria esbanjado em devaneios pseudo social-democratas, como tem acontecido nestas 3 últimas décadas.
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