domingo, 1 de junho de 2008

A Moeda Social-Democrata de Portugal

Portugal é o que é e tem o que tem por via das suas próprias escolhas. Os portugueses fartam-se de reclamar, e muitas vezes com razão, mas continuam a entregar o poder à mesma moeda (vou-me abster de a classificar como boa ou má que isso é para Economistas de grande calibre). Portugal tem sido invariavelmente governado pela moeda única da Social-Democracia: umas vezes pela Social-Democracia dura do PS, outras pela Social-Democracia light do PS ou do PSD.
É impossível não olhar para a experiência e para a trajectória política dos países desenvolvidos do Mundo e fingir que não se passa nada ou que não há nada a aprender com as escolhas que eles tomaram e com as escolhas que nós fizemos. É impossível olhar para toda a Europa Ocidental e pensar que as diferenças abissais existentes entre Portugal e os nossos vizinhos mais próximos se devem à sorte ou à mera qualidade dos políticos estrangeiros.
Países como a Alemanha, França ou Reino Unido, têm, ao longo de décadas, alcançado patamares significativos de desenvolvimento graças a uma lógica política assente na dicotomia e na dialética entre a Social-Democracia (que em qualquer lugar do Mundo civilizado é sinónimo de Centro-Esquerda) e a Direita Democrática. Assim tem sido, ao longo de décadas, na Alemanha (SPD/CDU), no Reino Unido (Trabalhistas/Conservadores) ou na França (PSF/UDF-RPR-UMP), e só por autismo ou indigência intelectual se poderia achar que os resultados obtidos por esses países são alheios a essa dicotomia.
Poder-se-á argumentar, e com razão, que os três países referidos, iniciaram o seu caminho para o desenvolvimento muito antes de Portugal e que todos eles estiveram envolvidos na II Guerra Mundial. No entanto, todos nos recordamos que, quando Portugal entrou para a CEE, em 1986, era frequentemente colocado no grupo dos países mais atrasados, que englobavam, para além desta nossa ditosa pátria, a Espanha, a Irlanda e a Grécia.
Passaram-se 22 anos desde a nossa entrada no espaço político-económico europeu e, enquanto a Grécia nos conseguiu ultrapassar, a Espanha deu um salto enorme em frente e a Irlanda deu um salto gigantesco a caminho do progresso, do desenvolvimento e da riqueza. É claro que foi tudo por mero acaso. Os melhores políticos do Mundo estão em Portugal e ocupam nada mais nada menos do que 80% do espaço político... segundo as ilustres e esclarecidas decisões dos portugueses.

4 comentários:

e-ko disse...

o maior problema é que os sucessivos governos deste país têm des.governado para os eleitorados, reféns das corporações e, que, as classes económicas ainda são mais medíocres do que a corja dos políticos...

entregues à bicharada!!!!

e, se até possa reconher que Portas é um animal político com algumas qualidades (mas, poucas, no meu entender e no de muita gente) o cds/pp seria a maior desgraça se chegasse ao poder!

Paulo Pedroso disse...

Foi precisamente isso que aconteceu em Espanha, na Irlanda, na França, no Reino Unido ou na Alemanha, só para citar os países mais próximos de nós.

É isso mesmo, aliás, que dizem dos políticos de Direita desses países. É por isso que eles estão atrás de nós.

quink644 disse...

Se lerem com atenção aquilo que escrevo, penso que compreenderão melhor aquilo que se está a passar em Portugal... Há uns anos bons que não tenho feito outra coisa do que estudar Portugal e a sua mentalidade dos últimos duzentos anos... Somos fatalmente prevísiveis... e isso, para mim, é o pior sinal possível.
Estamos num momento muito difícil que só não 'arrebenta' porque ainda há carros das empresas e créditos que ainda não começaram a ser cobrados...
Os políticos já perderam de vez a vergonha pública e isso é, em Portugal, sinal de grave emergência médico-social. Ainda noutro dia o escrevi, mas nã me acredito que leiam mais do que as gordas... os portugueses, infelizmente, são assim...

Paulo Pedroso disse...

Caro Quink644,

Tenho lido todas as suas intervenções com atenção, apesar de desconfiar que temos perspectivas muito distintas sobre muitos assuntos.

Sobre o tema em questão limito-me a dizer que um povo que escolhe, como os maiores da sua longa História, dois indivíduos que fizeram a apologia de sistemas totalitários, diz tudo sobre a inteligência das escolhas que faz. Portugal é um Estado-Nação com uma das mais longas Histórias da Europa e tínhamos logo que oferecer ao mundo a triste imagem de dizer que os maiores entre os maiores foram dois ditadorzecos.

Triste povo este que reclama de tanta coisa e só não reclama das suas próprias escolhas.