quarta-feira, 11 de junho de 2008

Já tivemos


Cavaco Silva, coitado, não lê jornais.
É um hábito que lhe ficou do tempo em que era primeiro-ministro e verificava que os pobres dos jornalistas não conseguiam interpretar o que ele dizia e por norma escreviam montes de asneiras.
Agora ele foi subindo na vida e é a autoridade máxima em Portugal.
Os jornalistas continuam iguais.
Bem estão até um bocado piores porque saem às fornadas das universidades e vão trabalhar a recibo verde para as empresas que mais gritam contra os recibos verdes.
E continuam a não saber ouvir.
No dia do feriado em que toda a gente vai para a praia e chateado por lhe estarem a fazer perguntas a despropósito disse claramente
“ hoje é o dia de estarmos a falar da raça, é o dia da raça”.
Foi a catástrofe!
Então ele não sabe que os senhores jornalistas e já agora os senhores políticos de esquerda, não conseguem interpretar uma frase tão grande e com uma vírgula?
Cavaco queria referir-se aquela raça, aquele brio, aquela vontade que já caracterizou os portugueses.
Mas não foi compreendido.
Pois não, ele estava a falar de um povo que já não existe.
Como é que haviam de perceber o que ele disse?

3 comentários:

Kaos disse...

Pois é, parece que a raça esteve a desfilar na baixa de Lisboa, se suástica ao peito. Raças

Paulo Pedroso disse...

Caro Fado,

Eu tenho uma boa interpretação para o facto de Cavaco Silva ter cometido esta monumental gaffe.

Em primeiro lugar, acho que a tirada dele foi a todos os níveis infeliz. Associar o 10 de Junho ao dia da raça é algo que não lembra ao diabo... pelo menos nos tempos que correm.

A minha explicação para este deslize de Cavaco Silva tem a ver com a sua personalidade. Ao contrário de muitos outros políticos, como por exemplo Mário Soares, Cavaco Silva é muito tímido, tem dificuldades no improviso, na resposta aberta e directa.

Cavaco tem nítidas dificuldades para superar algumas dificuldades de comunicação. Não é um homem particularmente culto. Trata-se de um académico que entende muito de Economia e de Finanças (mas não tem uma biblioteca... que já Jesus Cristo não a tinha), que entende números, quadros e tabelas, mas que não está à vontade no discurso exterior ao mundo da Economia.

A sua timidez faz com que se sinta muito mais à vontade numa cerimónia pública, onde pode contar com o ritmo do protocolo e com a segurança dos discursos previamente passados no papel.

Ao contrário de Mário Soares, que sempre teve uma capacidade notável para improvisar e para falar abertamente, Cavaco Silva tem evidentes dificuldades no que toca a lidar com o assédio dos jornalistas.

Isso foi evidente em muitas ocasiões anteriores e foi mais do que evidente nesta ocasião. É a sua timidez e a sua incapacidade para lidar abertamente com o assédio dos jornalistas que o levam a ficar nervoso e a dar respostas idiotas como a que deu a propósito do dia 10 de Junho.

Pessoalmente não concordo com a sua análise. Ele referiu-se concretamente ao dia da raça, ainda que inicialmente tivesse dado a entender que o estava a fazer no sentido que o Fado está a interpretar.

Cavaco Silva tem de soltar-se, tem de ganhar maior à vontade, tem de ser capaz de agir de improviso. Pessoalmente duvido muito que o venha a conseguir.

A tirada sobre o dia da raça mais não foi do que um exemplo de um homem que, sentindo-se nervoso ao ser pressionado pelos jornalistas, disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça.

:-))

fado alexandrino. disse...

Muito obrigado.
Se repararem Cavaco disse primeiro raça e só depois dia da raça e mesmo assim penso que estava querer dizer dia de raça.
Claro que para os jornais não servia transcrever a frase por completo.
Eu, e a minha Mãe somos de opinião que sou mais inteligente do que Ele.
E por isso se não foi isso que ele quis dizer foi isso que eu ouvi.