domingo, 22 de junho de 2008

O fantasma de um som


Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas



HAVIA ALGUÉM QUE NUNCA DEVERIA TER SIDO DIVULGADO AQUI



Dia 22 de Junho, a caminho da longa senda do Estio, completaran-se 2 meses sobre a partida da nossa saudosa "Amélia das Marmitas", coitado do Zé Manel, castiço, e exótico, como tudo o que escapa à normalização do nosso empobrecido quotidiano.



A verdade é que eu trocava dez Ferreiras Leites pelo Zé Manel... Pensei que com a demolição da Feira Popular tivesse acabado o Comboio Fantasma: não acabou. Um dos novos cenários seria ela, em São Bento, e a outra carcaça, em Belém, ou, melhor ainda, a carcaça de Belém, com o "Prime" Sócrates, acompanhado da "Vice-Prime", Ferreira Leite. O estado de degradação do cenário e protagonistas políticos a que chegámos é de tal ordem que... pode ser que acerte mais uma vez, como diz o KAOS que eu tendo para acertar... mas só no mau. A Senhora -- que parece um Ogre -- foi clara na situação dos Impostos, disse que era a Classe Média que os suportava, e que era preciso mais transparência sobre para onde iam. O que eu ouvi é que as nossas necessidades, fruto da vertigem do naufrágio, continuarão a ser pagas pela Clase Média, só que com um diagrama explicativo, a indicar as novas razões do Roubo tácito. Sobre a Classe Alta e os que nunca pagaram... nem uma palavrinha, táquieto, ó meu..., há gente com quem não se brinca...,

mas,

22 de Junho é mesmo para invocar uma sombra.

Começámos as celebrações ontem, na Rua da Indústria, parámos o carro, lá pelas altas horas, mesmo no meio da rua, e eu lembrei-me, naquela minha típica infantilidade, de... ir tocar à porta, a ver se alguém atendia (!). O Santo Sepulcro estava morto de medo, com a porta a ranger, e só dziia, "véi..., eu parece que estou ouvindo vozes!...", e não sei se era verdade, ou não era verdade, porque eu já antes tinha tocado naquela mesma campainha, "post-mortem", e ouvido um som daqueles telefones de baquelite, extremamente estridente, como na cava dos meus bisavôs e avós, mas, desta vez... NADA: a electricidade devia ter sido cortada, e coisa alguma se ouvia, pelo que desatámos a fugir pela porta fora, porque não sei se há fantasmas, mas acredito em que venham, quando os invocam em demasia.

O resto é muito mais antigo, e vem da epigramática da "Antologia Palatina": "Três vezes dez anos (as bichas são sempre muito mentirosas...), duas vezes três anos: tal é o limite posto à nossa vida pelos profetas celestes. E disso me contento: nesta data se colhem as mais belas flores da vida: ele morreu, ele também está morto [Amélia] que bem três idades viveu".

E assim prossegue: "Eu estou morto, mas aqui te aguardo; e também tu aguardarás um outro, pois um só Hades acolhe todos os mortais",

mas a nota mais lúgubre reservo-a, eu, para mim,

Ó, "Amélia", a serpenteante de todas as estações, que escada e vale e rio nunca houve que te detivessem, com a tua viperina língua, em enorme coisa foste sincera, e nunca falseaste o jogo da envolvedora de mulheres, com cujos maridos noites longas te revolvias. Quis Perséfone que cedo tu te lhe juntasses, para poderes percorrer, à Eternidade, os homens infinitos dos limbos das suas Sombras, e tu, que tanto em vida devoraste, na Morte, irás manter por lá a tua senda. És agora o espólio frio dos vermes que te consomem, mas sei que permaneces, sempre feroz e sempre audaz, a voraz devoradora dos pobres idos que, lá embaixo, se irão ter mesmo de deixar cruzar contigo...

1 comentário:

e-ko disse...

com que então também conhece a Ossianne? já lá não passava há algum tempo!