segunda-feira, 23 de junho de 2008

É tão feio não VER a beleza a não ser quando ela é óbvia!

História da Beleza não é uma história da arte nem um estudo de estética. No entanto, vale-se de ambos para delinear a ideia de Beleza desde a Antiguidade até os nossos dias. Em 17 capítulos, Umberto Eco reflecte sobre as diversas transformações do conceito de Beleza e os mecanismos que elegeram as diversas tendências do gosto ao longo dos tempos.
Tanto no estilo como no aspecto gráfico, História da Beleza foi concebido para um público vasto e diversificado, constituindo uma síntese inédita e multidisciplinar que inclui não só as artes visuais, a arquitectura e o design, mas também a música, a literatura, a dança, entre muitas outras manifestações artísticas.
Trata-se, portanto, não só da arte e do pensamento, mas também do comportamento como fonte de beleza. Competirá aos leitores, ao percorrer as páginas deste livro, decidir se a ideia de Beleza, através de uma tão grande diversidade de representações, terá mantido algumas características constantes. De qualquer modo, constituirá uma aventura intelectual apaixonante e emotiva.


História do Feio vem na sequência do anterior – História da Beleza. Aparentemente, beleza e fealdade são conceitos que mutuamente se exigem: habitualmente entende-se a fealdade como o oposto da beleza, de modo que bastaria definir a primeira para se saber o que é a outra. Mas as diversas manifestações do feio através dos séculos são mais ricas e imprevisíveis do que comummente se julga. Por isso, não só os textos antológicos, mas também as ilustrações extraordinárias deste livro, levam-nos a percorrer um itinerário surpreendente entre pesadelos, terrores e amores de quase trinta mil anos, onde os actos de repulsa caminham de mãos dadas com comoventes movimentos de paixão, e a rejeição da deformidade é acompanhada de êxtases decadentes que, as mais das vezes, são violações sedutoras de todos os cânones clássicos.

Entre demónios, loucos, inimigos horríveis e presenças perturbantes, entre abismos revoltantes e deformidades que atingem o sublime, freaks e mortos-vivos, descobre-se uma veia iconográfica vastíssima e, muitas vezes, inimaginável. Assim, ao longo deste livro, vamos encontrando feio de natureza, feio espiritual, assimetria, desarmonia, desfiguração, numa sequência de mesquinho, débil, vil, banal, casual, arbitrário, grosseiro, repugnante, desajeitado, horrendo, sensaborão, nauseabundo, criminoso, espectral, bruxo, satânico, repelente, desagradável, grotesco, abominável, odioso, indecente, imundo, porco, obsceno, pavoroso, abjecto, monstruoso, horripilante, medonho, terrível, terrificante, tremendo, repulsivo, nojento, nauseabundo, fétido, ignóbil, desgraçado, sem graça nenhuma nem decência.
O primeiro editor estrangeiro que viu esta obra exclamou: «Como é bela a fealdade!»

Há quem, na sua profunda e aterradora ignorância, seja incapaz de perceber que os conceitos de belo e de feio variam consoante a época, os contextos e os lugares. Que o belo de hoje pode ser o feio de amanhã. Que o feio do século XII pode ser belo no século XX. E, acima de tudo, que o feio e o belo são dois conceitos que vivem dependentes um do outro. Que é possível ao feio travestir-se da mais opulenta beleza e que é possível a beleza esconder-se por detrás das mais horrível das vestes. Será que "A Sagração da Primavera" não é bela? Duvido que qualquer europeu do Século XVII pudesse considerá-la bela. Será que Dorian Gray era mesmo belo? Pelo menos, na sua aparência exterior, ninguém duvidava. Certamente que a E-Ko teria todo o gosto em tomar um copo com Dorian Gray... especialmente se ele tivesse uma sarda XXL. Para certas saloias que se julgam cosmopolitas, é sinal de grande categoria admirar as cerâmicas e os paineis das antigas civilizações greco-latinas, onde pontuam sardas erectas para todos os gostos e feitios. Mas é essa dita cuja cosmopolita, que tem tanto cosmopolitismo no corpo inteiro como eu na ponta de uma unha, que fica horrorizada com uma foto de uma sarda erecta ou com o horror disforme de um homem atacado por uma doença terrível. Há quem seja capaz de ver apenas o óbvio e não se permita o esforço de vislumbrar o que está para além da imagem, tal qual ela se nos apresenta ao primeiro olhar. Os eternos consumidores do imediato, do supérfluo, do banal e do pueril, jamais deixarão de exprimir a sua incredulidade perante tudo o que ultrapasse a frivolidade da sua existência.

Num tempo como o nosso, em que tantaz vezes se valoriza apenas a superficialidade, a beleza exterior, em que os heróis se chamam Cristianos Ronaldos e as E-Kos veneram sardas XXL, talvez seja possível mostrar que há muita mais beleza naquela pequena lágrima, que corre pela disforme cara do pobre chinês atacado pelo elefantismo, do que em todos os pequenos e miseráveis heróis dos nossos tempos.

É claro que a E-Ko não percebe. Como poderia? Os espíritos simples só conseguem ver a superficialidade da beleza à flor da pele. É por isso que ficam muito chocados com certas fotos repugnantes. Pois, alguém viu a E-Ko levantar a sua voz para declarar algum incómodo perante muitas outras coisas repugnantes? Provavelmente, às tantas, porque eram superficialmente belas... Assim, mais ou menos, como o Dorian Gray! Mas não, claro que para essas repugnâncias a E-Ko não levantou a voz! Pois, em qualquer dicionário, de qualquer língua do mundo, isso tem um único nome: hipocrisia! E, querida, para entenderes isso, não há dicionário que te valha, nem cultura bastante que suplante a tua atroz imbecilidade para que aí possa surgir alguma centelha de entendimento.

PS: Talvez seja conveniente referir que as referidas fotos foram retiradas do site onde a E-Ko foi buscar a foto do catálogo da Taschen. Duvido que seja mais legítimo divulgar sardas XXL da Taschen do que a doença de um homem. Mas, para certas cabecinhas de formiga, as imagens só servem se mostrarem coisas óbvias. Talvez por isso mesmo, se sintam incomodadas quando só conseguem discernir o óbvio e são incapazes de ver um pouco mais além.

4 comentários:

e-ko disse...

o Paulo não me conhece de lado nenhum para se permitir fazer julgamentos sobre o que sou ou o que penso... não é a beleza da disformidade que ponho em causa é o exibir imagens descontextualizadas sem qualquer referência à sua origem e ao eventual artigo a que se referem...

a pessoa que foi fotografada, sim Paulo, é uma pessoa, não é um animal ou uma "obra de arte" e tem o direito à sua imagem e não apreciaria que a exposição do seu sofrimento fosse atirado ao mundo sem qualquer espécie de empatia... e nem uma explicação ou um link para o artigo! não é hipocrisia é cinismo!

é acima de tudo um abuso!

Paulo Pedroso disse...

"o Paulo não me conhece de lado nenhum para se permitir fazer julgamentos sobre o que sou ou o que penso..."

Esta frase, vinda de si, é uma verdadeira pérola! Logo a E-Ko, que nunca se permitiu inventar processos de intenções nem tecer considerações sobre mim.

Deixe-se de hipocrisia, que a menina está longe de ter mais direitos que eu. Se não gosta de considerações pessoais não faça aos outros o que não gosta que lhe façam a si. Percebeu? Ou quer um desenho?

A pessoa que foi fotografada, tem uma identidade como muitas outras que também foram fotografadas e editadas aqui no Braganza Mothers. A sua excelência hipócrita nunca ninguém ouviu uma única palavra.

Além do mais, já sabíamos que a E-Ko só entende o que é óbvio. Daí a sua necessidade de um link, uma explicação. As imagens, por si só, dizem muito.

Não se faça de parva que a E-ko não tem mais humanitarismo do que eu. A sua rematada hipocrisia é tão grande que não hesitou em classificar a exposição destas fotos como um exemplo de alguém que olha para elas "sem a mínima empatia". E é você que vem exigir que não se teçam julgamentos sobre o que é ou o que pensa? Já olhou bem para si, sua parola?

A menina é simplesmente grotesca!

Julga deter o monopólio da empatia? Saloia!

e-ko disse...

deixe-se de insultos baixos... sabe muito bem que tenho razão!

Paulo Pedroso disse...

Tem razão? Em quê?

Só se for a pedir para si prerrogativas que não concede aos outros. Nisso tem toda a razão. Já sabemos que é muito boa a tecer comentários sobre outros, enquanto exclama indignada quando lhe fazem o mesmo.

Chapéus, querida, há muitos!

Já lhe disse que ninguém tem culpa pelo fraco discernimento das suas células cinzentas?