quinta-feira, 19 de junho de 2008

Exame local da miséria dos Exames Nacionais (Postagem 700)

Neste blogue praticam-se a Liberdade e o Direito de Expressão próprios das Sociedades Avançadas
Há dias em que estamos no lugar certo, no momento certo. Ontem, eu estava, aliás estava tanto que vou tentar ser brevíssimo. Para mim, um Exame Nacional não são os "Cantos", de Pound, ou o "Orlando Furioso", de Ariosto. Podem perfeitamente ler-se na diagonal, e imediatamente radiografar a imbecilidade que lá está, e a paupérrima mente que a eles presidiu. O Exame de Português devia ter pedido a imediata intervenção do Bimbo que falou do "Dia da Raça", já que nada faz mossa à Porteira que detém a Pasta da Educação. Para ela, como para o Patrão, tudo é igual, tudo são rosas, sucessos acumulados, gloriosos amanhãs que cantam, e que só não cantam já hoje, para a surpresa poder ser grande.
A surpresa vai ser grande, enorme, gigantesca, de aqui a 5, 10, 15 anos.
Do que vi, havia Camões, coitado do Camões, e aquela obsessiva relação que algumas mentes senis continuam a manter com o Canto IX, dos "Lusídas". Acham que para uma geração do "pólen", dos ácidos e do "ecstasy", umas gajas que vinham mostrar as mamas num qualquer litoral de uma África idealizada ainda lhes dão tesão. Não dão: hoje, as pitas rifam a virgindade aos 12 anos, e têm Ipods e Nokias com GPS, e praticam sexo anal, se for preciso irem virgens para o casamento. Punhetas com o "Canto IX", só mesmo para o vovô, que está com Parkinson, e mancha o sofá todo, quando se vem, porque os tremeliques da mão assim o querem, e permitem.
O resto era ainda pior. Não sei se vou trocar a ordem das coisas, mas havia o inenarrável Saramago -- esse não estava para morrer?... Dasse... -- não em pessoa, porque aquilo, literariamente, é mesmo uma merda. (Podem obter mais informação AQUI: já custou ao ortónimo, na Sociedade Portuguesa de Escritores, mais glória e misérias do que muita porcaria que se escreve por aí...) E como o Saramago não podia surgir, puseram um comentador (!) e pediam aos alunos para comentar o comentar (!), que era, nada mais, nada menos, do que Luiz Francisco Rebelo, um gajo sinistro, com mais suspeitas em cima do que o Pinto da Costa.
É bom que os adolescentes portugueses prestem Provas de Português sobre uma pessoa impoluta: sai a língua mais puta e dá à coisa ainda mais luta.
O final era, necessariamente, o Padre António Vieira, que, como já ninguém lê o original, devia ser comentado na pessoa de um dos seus comentadores "Mister Bean" (!), por acaso, também ex-Ministro do Desastre Deseducacional, e, hoje, à Cabeça do Tribunal de Contas. Dinheiro, rigor e favas contadas, pois.
Suponho que de tão brilhante prova saia uma geração ainda mais capacitada para o Português indispensável para o próximo Dia da Raça.
Raça que os parta.

1 comentário:

jbp disse...

http://tonibler.blogspot.com/2008/05/facilitar-naaaoooooo.html